Se for menino se chamará Lucas

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Há algumas semanas, Thaís estava tendo mais uma noite de amor com seu namorado. Como estavam juntos já há muito tempo, a confiança entre eles fez com que dispensassem o uso da camisinha dessa vez.

Embora tivessem sido displicentes sem sentir muita culpa, percebiam agora a grande furada em que se meteram. Thaís carregava em seu ventre de apenas 16 anos um feto de aproximadamente seis semanas.

Suas vidas mal começaram e eles já haviam desperdiçado-a. Era isso o que a jovem garota achava de sua situação. Seu quarto, de onde não tinha mais vontade de sair, guardava em segredo todos seus medos enquanto pensava que decisão tomar.

Contar ou não para seus pais? Esconder de todos até o último momento? E se abrisse a boca, qual seria a reação da família? Seus avós, o que diriam? Abortar seria uma opção?

Seu namorado, Daniel, em um surto de desespero disse que ela deveria abortar. Não! Isso para ela não era solução. Ia contra seus princípios em relação à vida. Porém, qualquer coisa que acabasse com seu sofrimento agora lhe parecia cabível.

Com essa ideia, sentia-se mais perdida que nunca. Sabia que tirar o feto naquelas condições seria considerado crime. E, definitivamente, não precisava e não queria mais um rótulo negativo. Já seria ruim demais ser vista como a adolescente que estragou grande parte de sua vida por causa de uma gravidez precoce.

Pois é em momentos como esse que se torna questionável a integridade moral e a consciência de responsabilidade social das pessoas. Thaís imaginou os milhares de garotas que abortariam se estivessem em seu lugar, talvez algumas por falta de informação, mas muito mais por conveniência própria. Por sorte, ela era mais instruída que muitas outras de sua idade e convívio, e não seria capaz de causar a si mesmo tamanho dano que esse ato de desespero lhe traria.

Foi assim, então, em meio a tantas hipóteses e probabilidades, que a jovem tomou sua decisão, depois de mais um dia trancada em seu quarto.

Andou em direção à sala, onde seus pais assistiam a um debate político na televisão. Coincidência ou não, candidatos à presidência da república discutiam sobre a legalização do aborto em nosso país.

Mesmo com muito medo, Thaís os chamou para uma conversa séria que mudaria todo seu futuro dali em diante.

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